Existe limite para a irresponsabilidade? O presidente mostra que parece não existir… E daí?! – Uma análise sobre o que um presidente não deve fazer, por Sergio Menna Barreto
O Brasil caminha em uma crise econômica de grandiosas dimensões: PIB mais baixo dos últimos 30 anos (1,1% em 2019), desemprego de aproximadamente 14 milhões de pessoas (sem contar com os subempregos, que não entram nesse montante), recorde do preço do Dólar (mais de cinco Reais), gasolina caríssima, passando dos cinco Reais, volta da fome e aumento da classe de miseráveis.
Dentro da crise econômica veio uma crise sanitária, de saúde, por conta da pandemia. Um vírus, o Coronavírus transmissor da Covid-19, alastrado por todos os continentes. Como se não bastasse, o presidente insiste em criar e manter uma crise política.
Existe limite para a irresponsabilidade? O presidente mostra que parece não existir… “E daí?!” – E daí que nesse caso a irresponsabilidade custa muito caro, custa a vida de pessoas em pagamento a vista.
Pensando na reeleição, Bolsonaro desde o início se mostrou contra o isolamento, com a justificativa de que ‘a economia não pode parar’. No início chegou a chamar o vírus mortal de ‘gripezinha’.
Para a questão econômica temos exemplos espalhados pelo mundo todo, os EUA, por exemplo, anunciaram pacote de trilhões de Dólares, tanto para trabalhadores, como para comércio e industrias. O presidente Trump negociou inclusive com a oposição no Congresso. No Reino Unido, assim que anunciado o isolamento, o governo garantiu 80% dos salários de todos os trabalhadores para que não houvesse desemprego. E no Brasil, depois de mais de um mês após aprovação na Câmara e Senado, trabalhadores estão aos poucos conseguindo receber um auxilio emergencial de R$ 600, alguns deles lutando em longas filas de agências bancárias. O aplicativo criado ´para ‘ajudar’ no processo, simplesmente não suporta a quantidade de acessos. Isto é, os que sabem mexer em mecanismos tecnológicos tentam esse caminho.
Vale ressaltar que a ajuda para os bancos foi organizada de imediato pelo governo, e o auxílio emergencial, assim como a ‘ajuda’ dada aos bancos, fazem parte dos impostos pagos pela população.
O presidente faz de tudo pata tentar confundir parcela da população desde o início da crise, indo à padarias e manifestação contra a Democracia, por exemplo, quando a regra é sair em caso de necessidade.
Outra bizarrice: Bolsonaro por não gostar das regras ou mesmo por inveja e ciúmes demite o Ministro da Saúde. Em seu lugar coloca uma espécie de ‘criado mudo’ (apelidado de coveiro em redes sociais). Alguém que não irá expor o presidente ou deixá-lo à sombra. Lembrando que o ex-ministro Mandetta estava seguindo orientações e protocolos de cientistas, pesquisadores e organizações de Saúde, como da própria Organização Mundial da Saúde.

Outro fator preocupante com a troca de ministro de Saúde no meio da pandemia é em relação à informação. Não existe mais coletivas diárias, desde o dia 17, com a troca, o governo nem sequer divulga mais as cidades em estado de emergência. Governadores também reclamam do acesso ao ministro, mesmo quando conseguem, o mesmo parece não ter autonomia para deliberação das demandas.
Brasil registra mais de 5 mil mortes: ‘e daí?!’, diz o presidente, iniciando mais uma série de ataques contra adversários políticos
Completamente perdido, não somente na pandemia, mas também da realidade, o defensor de ditaduras e fã de torturadores, simplesmente culpa governadores e prefeitos pelas mais de cinco mil mortes até agora.
Sim! Os culpa pelas mortes. Ué, mas ele não era contra o isolamento? Sim! Ainda é. Mas não assume absolutamente nada.
Governadores e prefeitos têm responsabilidade, lógico que sim. Assim como o presidente, está na Constituição. A diferença é que temos exemplos de governantes que estão seguindo orientações internacionais e equipando o sistema de Saúde na tentativa de evitar o pior, já o presidente…
O que será que parentes e amigos dos mais de cinco mil mortos devem ter achado da resposta dada quando lhe perguntaram sobre as vitimas fatais? Relembre a infeliz resposta: “E daí? Quer que eu faça o quê?”.
Gostaríamos que fizesse o que um presidente faz. Por exemplo: governo anunciou compra de mais de três mil respiradores, sabe quantos foram anunciados para entrega até o fim do mês (por acaso hoje)? 272.
Gostaríamos que governo e presidente tivessem um discurso único, com direcionamento para salvar a maior quantidade de vidas.
Gostaríamos de um presidente que tentasse resolver a situação e não ficar apenas atacando tudo e todos que pensam ou fazem diferente dele.

Um presidente deveria servir de exemplo, mas ao contrários disso, o do Brasil briga com outras lideranças mundiais, isso tudo em meio a pandemia. Não contente, ainda ganha eco de outros ministros, como o da Educação, Weintraub – ‘China exige reparação por tuite racista feito pelo ministro’ – e o próprio chanceler, o de relações exteriores Ernesto Araújo, que esta semana comparou isolamento social a centros nazistas – ‘Lideranças Judaicas já se manifestaram e exigem ‘desculpas’ do chanceler por analogia com campos de concentração’. Essas foram duas pautas recentes que viraram manchetes no Brasil e no mundo.
É triste, vergonhoso, preocupante e desumano. A verdade é que não temos alguém na presidência que esteja à altura do cargo. Também por isso devemos contar uns com os outros. E isso o povo brasileiro sabe fazer bem. Mesmo com tantas notícias tristes diariamente, vemos uma população solidária. Também vale ter fé, mas com responsabilidade.
Algumas capitais já estão com a ocupação dos leitos de UTI em 90%, o Coronavírus se espalha de forma avassaladora, então, por enquanto, já que não existe a cura, a melhor forma de se proteger é com a prevenção. Vale o uso de máscara, usado de forma adequada, vale o distanciamento entre pessoas, mas com o isolamento social é mais garantido. Também é recomendável não escutar o que o presidente diz. Se proteja e proteja o próximo.
Se puder, fique em casa!
Sergio Menna Barreto é jornalista, fotógrafo e editor do buziostem.com
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