Flamengo conquista a Libertadores e se prepara para o Mundial. Uma Análise nada imparcial e cheia de mística, por Sergio Menna Barreto.
Dia 23 de novembro de 1981, Flamengo levantava seu primeiro título da Libertadores da América. 38 anos depois, em 23 de novembro de 2019, novo êxtase, nova taça, novamente o Flamengo conquistou a América.
Uma conquista que não aconteceu somente em campo, mas em todos os lugares. A final fora realizada no Peru, no histórico Monumental de Lima, e as ruas foram tomadas pela torcida rubro-negra, conquistando o povo local. Conquistou muito mais, foram 169 países passando aquela épica final. Emoção? Um exagero de emoção. O outro finalista era nada menos que o River Plate da Argentina, equipe consagrada quatro vezes nessa competição e antes desse dia 23, nunca havia perdido tal decisão. Mas como nós dizemos: “isso aqui é Flamengo”.

A partida
Aos 14 minutos do primeiro tempo, uma situação que nenhum flamenguista esperava, mesmo sabendo que poderia acontecer, o River sai na frente no placar, 1 a 0, gol de Borré.
Jogo bem jogado, as duas equipes buscando o gol, pressão para os dois lados, intensidade nível máximo. Aí a questão: será que os argentinos vão aguentar essa correria até o final da partida? A resposta chegaria, mesmo demorada, mas chegaria.
O Segundo tempo começa, mesmo estilo de jogo de ambos os lados, mas o Flamengo nitidamente voltava mais organizado, acertando mais passes que no primeiro tempo, mesmo assim a tensão era quase concreta de tão nítida.
Assim deu 15 minutos, 20, 30 e 35 minutos e nada. 40 minutos e o torcedor argentino, mesmo que timidamente, mas já começava a sorrir de forma diferente, cantar de forma mais contundente, até que aos 44 minutos, faltando apenas um para acabar o tempo normal, a clássica jogada pela esquerda, envolvendo três referência do time, fez com que a obsessão dos flamenguistas ganhasse mais força. Bruno Henrique, eleito o melhor da competição, esticou a bola para o uruguaio Arrascaeta, que em um toque empurrou para o centro da área, onde apareceu Gabriel Barbosa, o Gabigol, artilheiro da competição com 9 gols, para empatar a partida.
A torcida foi à loucura. Não só em Lima, mas em todo o Brasil e diversos lugares do mundo, ali algo aconteceu. E quando os flamenguistas ainda comemoravam uma prorrogação da partida para se obter o resultado final, o místico entrou em campo e no primeiro minuto de acréscimo, Diego, que saiu do banco de reservas, lança a bola do meio de campo ao ataque, onde, novamente, estava Gabigol, que numa disputa com dois zagueiros se deu melhor, Armani, goleiro do River e da seleção argentina, não alcançou a bola, e o Flamengo vira o placar: 2 a 1, dois gols de Gabigol.
O time argentino não acreditava no que via, o técnico Gallardo, do River tampouco e os torcedores menos ainda. Enquanto do outro lado, o fenômeno Jorge Jesus, técnico do Flamengo já preparava nova tática para erguer a tão desejada taça no final. E foi o que aconteceu.

Muita festa e uma nação feliz
A comemoração foi apoteótica. No campo, na arquibancada, no mundo. Portugal, por exemplo, tinham telões na cidade, no Brasil, não só o Maracanã com 50 mil assistindo em telões, como outras cidades brasileiras também organizaram a chamada ‘Fun Fest’ em seus estádios. Em Búzios, telões exibiram a partida, o que atraiu pequenas multidões de brasileiros, argentinos, entre outros ‘hermanos’. Mas nas ruas algo inexplicável, em todos os lugares o vermelho e o preto dominavam. Afinal de contas, somos mais de 42 milhões de torcedores. Quando avistei o avião chegando no Galeão ‘escoltado’ por urubus, mascote do clube, logo pensei que algo gigante estava por acontecer. E foi o que aconteceu. A recepção da equipe no Rio de Janeiro fora outra situação apoteótica, milhares nas ruas do Rio, do aeroporto até o Centro da Cidade, onde havia um trio elétrico esperando os campeões da América para saudar sua nação num transe coletivo de alegria. Quanto amor, quanta paixão.
Mística e a grande final
A final da Libertadores com o Flamengo aconteceu duas vezes no dia 23 de novembro, em ambas consagrou-se campeão. O Flamengo conquistou no dia seguinte da Libertadores, o Heptacampeonato Brasileiro, mesmo sem entrar em campo, já que pelos resultados da rodada nenhum outro clube poderia mais alcança-lo. E mais uma, com 81 pontos, ano em que o Flamengo levantou a Libertadores pela primeira vez.
Com o título da América a equipe carioca se credenciou para o Mundial interclubes. Não suficientes as ‘coincidências’, na final do mundial o Liverpool pode ser seu adversário, justamente os ingleses que perderam, por 3 a 0, para a genial equipe do Zico e companhia quando o Mengão conquistou seu título mundial.
No Mundial, que será realizado no Qatar, o Flamengo entra direto na semifinal, enfrenta no dia 17 de dezembro, o Esperance da Turquia ou o campeão asiático (que ainda será definido), podendo encarar o Liverpool no dia 21 de dezembro, caso a equipe inglesa vença seu adversário da semifinal.
Em um ano tão difícil para o povo brasileiro, estávamos precisando de um afago, precisando de notícia boa, precisando de uma festa.
Se prepare para fortes emoções. Uma vez Flamengo, sempre Flamengo!
Fotos e imagens: Alexandre Vidal (Flamengo) e Conmebol Libertadores
