Importantes temas de debate da sociedade atual desfilaram em uma Sapucaí cheia de engajamento.
Tolerância religiosa, feminismo, combate ao racismo e a homofobia, luta contra preconceitos, falsos profetas, entre outros temas, estiveram presentes na avenida, um grande serviço social no que diz respeito a educação e a conscientização.
As seis escolas que farão o Desfile das Campeãs do Rio de Janeiro, no sábado (29), apresentaram enredos fortes, seguindo uma tendência que se repetiu nos últimos anos.

A campeã Viradouro levou para a Sapucaí o empoderamento feminino e a sororidade, com o ‘Ganhadeiras de Itapuã’. O samba contou a história de escravas de ganho, que no século XIX lavavam roupas na beira da Lagoa do Abaeté ou vendiam comidas e com o dinheiro arrecadado alforriavam outras mulheres. Hoje, as descendentes delas formam o grupo de ‘Ganhadeiras’, que mantém a história de resistência viva, além de resgatar contos, músicas e danças da época.

A vice-campeã, Grande Rio entrou com o enredo ‘Tata Londirá: o canto do caboclo no quilombo de Caxias’ e no refrão pedia: ‘respeita o meu axé’. Com um belíssimo samba prestou homenagem ao pai de santo Joãozinho da Gomeia. O desfile contou com a presença de diversos líderes religiosos de diferente crenças, também estavam presentes representantes de diferente movimentos sociais. Essa pluralidade mostrou o que temos no Brasil.

A força da mulher ficou novamente em evidencia com o enredo ‘Elza Deusa Soares’, com a Mocidade. A justa homenagem à Elza Soares’ fez a Sapucaí balançar. Elza é sinônimo de resistência e luta. Sofreu todos os tipos de preconceitos e superou todos. Até hoje, Elza é presente na luta feminista e combatente na luta contra à homofobia e no combate ao feminicídio.

Das escolas que farão o Desfile das Campeãs, somente a quarta colocada, a Beija-Flor de Nilópolis não entrou com um enredo político ou social. O ‘Se essa rua fosse minha’ falou sobre o caminho trilhado pela humanidade durante os séculos.

O Salgueiro ficou com o quinto lugar com o enredo ‘O rei negro do picadeiro’. E o clamor por igualdade racial estava em todo o desfile. O Salgueiro contou a história de Benjamim de Oliveira, o primeiro palhaço negro do Brasil. Fazendo referência aos ‘milhões de Benjamins’ que lutam contra o preconceitos todos os dias, até os dias de hoje.

A Estação Primeira de Mangueira ficou com a sexta colocação, a campeã do ano passado levou à Sapucaí um samba que todos cantaram, principalmente pela repercussão que deu antes mesmo do desfile. Com ‘A Verdade vos fará Livre’, a verde e rosa mostrou várias faces de Jesus nos dias de hoje. Um Jesus negro nascido e criado nas vielas da favela da Mangueira, que andaria em periferias com os que sofrem com uma sociedade hipócrita e cheias de preconceitos, sejam eles índios, negros ou mulheres. A escola também convidou lideranças religiosas de diferentes seguimentos deixando óbvio que existe espaço no mundo para todas as seitas, doutrinas ou religiões.
Em tempo: a Mangueira fez um desfile impecável, estava maravilhosa e mostrou um Jesus bem Jesus, um ‘Jesus da gente’, bem diferente de alguns apresentados por falsos profetas. E o alerta ficou claro e todas as lideranças religiosas se sentiram encantados e realizados com a imagem do Jesus que foi passada para o mundo inteiro.
Opinião: simplesmente quem criticou o samba da Mangueira ou algo do desfile, de duas uma: não entendeu nada do samba ou não entende nada de Jesus.
Foto de capa: Gabriel Nascimento/Riotur