Obra que descaracteriza o Centro foi tema de audiência Pública na Câmara dos Vereadores.
Intransigente e com um conceito cafona, aparentemente parece ser ilegal (no mínimo imoral) e ineficiente, já que na primeira chuva foram notados pontos de alagamento em rua recém finalizada, o prefeito Alexandre Martins não compareceu, não respondeu ao convite, tampouco enviou representante para a audiência pública que debateu as obras no Centro, na segunda-feira (28). Vale ressaltar que, outros membros do Executivo também foram convidados, contudo, tiveram o mesmo posicionamento do chefe.
Dos nove vereadores da Cidade, compareceram: Raphael Braga, que presidiu a audiência e também tem um posicionamento público contra a obra, inclusive, abriu denúncia no Ministério Público / RJ, Rafael Aguiar, presidente da Câmara dos Vereadores e filho do Secretário de Obras da Cidade e Marcos Cleiton. Na assistência, mais de 80 pessoas acompanharam os trabalhos.
A audiência fora proposta pela FECAB (Fórum de Entidades Civis de Armação dos Búzios) e a introdução da audiência ficou por conta de integrantes do Instituto dos Arquitetos do Brasil – Núcleo Búzios (IAB). A proposta era clara, a discussão da Cidade e seus rumos, quase uma súplica por um diálogo com o chefe do Poder Executivo, para debater sobre a intervenção de quase Sete Milhões de Reais.
Já na introdução, uma revelação surpreendeu: ‘a obra que está sendo executada não tem projeto’, isso mesmo, não poderia nem mesmo ter sido licitada de acordo com a Lei.
A explanação dos participantes deixou claro que a obra prevê a troca de paralelepípedos por concreto intertravado, já que não existe um projeto, ao menos público, é exatamente o que todos estão vendo ou sabendo.
Parece não existir parâmetro nem baseando-se em leis já existentes, como a Lei de Mobilidade Urbana, por exemplo, que prevê calçadas, e já na primeira rua feita, não fizeram calçamento.
Outros pontos observados, alguns deles já previstos em leis, que, no entanto, parece ter sido ignorado: Iluminação pública, cabeamento subterrâneo, acessibilidade, sinalização, padronização de letreiros, paisagismo, estacionamento demarcado, local para carga e descarga, calçamento padronizado, mobiliário urbano, como lixeiras e bancos, entre outros.

Projeto não utilizado valoriza a história da Cidade
Para espanto de alguns e previsível para outros, considerando a atual gestão, técnicos especialistas no assunto não foram consultados. Isso mesmo, os arquitetos da prefeitura não estavam atuando nessa intervenção. Contudo, a pedido do FECAB, fizeram em poucos dias um esboço de um projeto, no qual, valoriza a Cidade e sua história, isto é, mantinha a identidade da qual Búzios se tornou Búzios conhecida internacionalmente.

Obras de destruição em curso
Em pouco tempo concluída, a primeira rua finalizada não aguentou nem mesmo a primeira chuva. Em um simples relato várias denúncias: “ruas sem inclinação correta, permeabilidade falha, boca de lobo não recebe e nem escoa água como deveria, erros de acabamento, bueiro alagado”, isso foi somente parte de um dos relatos.
Executivo não quer debater e ainda ofende população
Em alguns momentos, durante a audiência, surgiram a denúncia de xenofobia por parte do membro do Executivo, por tentar desqualificar integrantes da sociedade civil chamando-os de “forasteiros”. Contudo, não quis debater em uma audiência pública, seria essa, inclusive, uma ótima oportunidade para apresentar os motivos para tal descaracterização do Centro Histórico da Cidade.
Importante ressaltar que, o Conselho Municipal de Patrimônio Histórico não foi consultado, o Ministério das Cidades também prevê que para tal intervenção faz se necessária a realização de audiência pública de apresentação do projeto.

Por fim, uma das exclamações durante a audiência foi a de que estão ‘destruindo a Cidade’ e caso parte da população continue com receio de perseguição ou mesmo medo de retaliação, ou somente satisfeito por um cargo de trabalho ocasional, pode ser sim o fim de Búzios como Búzios que nos apaixonamos.
Confira a Audiência Pública na íntegra:
Fotos: Salvem O Centro Histórico de Búzios (Reprodução / Facebook)
